Festa das Latas e Imposição de Insígnias

Latada de 1872

As Latadas são festas antiquíssimas que precedem a Queima das Fitas e que têm registos desde os meados do Séc. XIX. Estas eram as festas que ocorriam no dia do último exame de cada Faculdade em que, durante a noite, os Caloiros eram equipados com vários tachos, latas, cornetas, gaitas e penicos com o propósito de irem importunar os restantes colegas que ainda não tinham terminado o ano lectivo. Ao participarem no Cortejo da Latada, era dado aos Caloiros a emancipação (subiam de grau). Como nesta altura os Caloiros não podiam sair de casa a partir das 20h, dizia-se que estes estavam sob a “protecção das Latas”. Durante o Cortejo havia Doutores que corriam atrás dos Caloiros e batiam nas latas com mocas e as colheres de Praxe: assim que um Caloiro ficasse desequipado de latas e de penico, este era rapado in situ. Até às primeiras décadas do séc. XX, as Latadas estavam intimamente ligadas à Cerimónia de Queima das Fitas que ocorria no mesmo dia.

Latada de 1966

As Latadas eram bastante incomodativas para a cidade e geravam bastante conflitos entre os Estudantes e a Polícia. Como forma de limitar a algazarra gerada pelos Estudantes, em 1901, os Lentes deliberam que todos os exames acabam no mesmo dia, evitando assim as Latadas sucessivas que ocorriam a partir de Maio. Com o passar dos anos, os Estudantes decidem focar a festa nos Quartanistas e o Cortejo da Latada deixa de ocorrer, mas permanece a subida de grau dos Caloiros no dia da Queima das Fitas.

No início da década de 50, voltam as Latadas em moldes ligeiramente diferentes: esta passou a ocorrer no início do ano lectivo e passaram a estar ligadas à cerimónia de Imposição de Insígnias, onde os Quartanistas Grelados impunham o Grelo na sua Pasta e os Fitados passavam a exibir as suas Fitas durante o decorrer do ano todo. De seguida ocorria um Cortejo onde era passagem obrigatória o Mercado D. Pedro V, onde se comprava o Nabo. Todos os Caloiros que eram encontrados pelo caminho eram mobilizados pelo Cortejo e os que estivessem de Batina vestiam-na pelo avesso. Devido à conjectura política de então, o Cortejo da Cerimónia de Imposição de Insígnias foi adoptando os moldes satíricos já presentes nos Cortejos da Queima das Fitas. Sempre debaixo do olho atento dos agentes da PIDE, os Caloiros passaram a servir como o isco ideal para serem “porta-cartazes” onde eram feitas piadas e referências ao regime. Estas Latadas duraram até 1969, onde foram interrompidas devido ao Luto Académico.Em 1981, a Direcção-Geral decide organizar a “Semana de Recepção ao Caloiro”. Esta semana decorreu sem nenhum evento especial e teve recepção mista: muitos Estudantes ainda familiarizados com o figurino das décadas anteriores, fizeram duras críticas ao modelo instaurado e, motivados pelo ambiente de restauração da Praxe, propuseram os moldes das antigas festas. Nascia assim a Festa das Latas e Imposição de Insígnias.